

NA VOZ DA CRÍTICA
JORGE
      PERALTA 
1. Vieira Multidimensional
      Vieira foi um grande 
      Patriarca da Civilização Lusófona, 
      pelo mundo espalhada. Vieira foi um dos maiores homens de toda a história 
      do Brasil de todos os tempos e também de Portugal. Iluminou o século 
      XVII com grande esplendor. Produziu uma obra para sempre, ultrapassando 
      os limites do tempo e do espaço. É um clássico. É 
      um patrimônio da humanidade.
      
            Vieira foi grande como orador 
      vibrante, arrebatador e consistente; foi grande como escritor, 
      como filósofo, como pensador e como educador, como 
      professor; foi grande como gestor eclesiástico 
      e político; foi grande como conselheiro, como diplomata, 
      como articulador e como estrategista; foi grande como “historiador”, 
      como agente e como observador da história; foi grande teólogo, 
      exegeta, biblista e missionário; foi grande nas 
      suas impressionantes e instigantes utopias; foi grande 
      e implacável contra as injustiças sociais e contra toda a 
      discriminação, por motivos étnicos ou de religião; 
      foi um grande escritor e um grande artista; 
      foi o homem de fé e de esperança, de pensamento e ação; 
      foi grande humanista na sua luta pelos valores humanos 
      e cristãos, pelos valores éticos e pelos valores espirituais; 
      (foi um defensor dos direitos humanos, defendendo o respeito 
      à dignidade humana dos índios, dos negros e dos brancos espoliados 
      e dos judeus perseguidos); foi um patriota, lutando pela 
      consolidação da independência e pela prosperidade de 
      seu país e pela manutenção da unidade no Brasil, na 
      guerra contra os invasores estrangeiros; foi um universalista 
      lutando pela harmonia entre os povos e pela paz; foi um homem de pensamento 
      globalizado: viu o mundo como uma Praça 
      ou Feira Universal onde todos trocam bens e idéias 
      do oriente ao ocidente como se estivessem frente a frente numa mesma “Praça 
      Universal”. 
      
            Dizer que Vieira foi um orador 
      monumental, um dos maiores de todos os tempos, embora seja muito, 
      é muito pouco para sua atuação múltipla. 
      Foi muito grande como orador e como escritor, mas não foi menor em 
      sua atuação sócio - política e estratégica, 
      sua atuação de reformador social e suas utopias...
      Vieira produziu uma obra múltipla, indispensável no nosso 
      tesouro cultural. Aliou a teoria à prática. Nunca foi um homem 
      de gabinete. Foi sempre um homem de pensamento, de ação e 
      de reflexão; um homem do mundo e um místico.
   
2. Reserva Moral da Humanidade
      Como Homero, Dante, 
      Camões, Shakespeare, Goethe, Pessoa, Yung, Santo Agostinho, Sócrates, 
      Tomás de Aquino, Avicena, Ibn Arabi, Maimonides, e tantos outros 
      homens da elite moral e intelectual, Vieira pertence à humanidade 
      que quis aperfeiçoar, livrando-a das opressões, baixezas e 
      limitações. Todos são patrimônio e reserva moral 
      da humanidade. 
           Vieira está entre os 100 (cem) pensadores 
      e ativistas que mais marcaram os destinos da humanidade, na criação 
      de princípios e diretrizes que cultivassem os valores da dignidade 
      humana e do bem-estar social.
      Vieira é um dos expoentes máximos de nossa língua, 
      de nossa cultura e de nossa nação, no âmbito cultural, 
      político e humanístico. Feliz do povo que tem um homem da 
      estirpe espiritual e sócio-cultural de Vieira.
   
      3. Novos Paradigmas: Um Momento
      Vieira operou dentro 
      de novos paradigmas de civilização. Atuou num cristianismo 
      dinâmico e comprometido com o bem-comum, criativo, inovador, propositivo, 
      afirmativo, transformador. Foi um homem do Evangelho: um autêntico, 
      adepto do cristismo, para além de burocracias. Foi 
      um místico e um homem de ação, conseguindo articular 
      essas atitudes quase antagônicas.
            Vieira, ele só, é um monumento, 
      pela grandeza de sua obra e de seu caráter, por sua dignidade humana, 
      por sua atuação na transformação social, por 
      seu espírito empreendedor, por sua fé, por sua arte e por 
      suas sublimes ousadias e utopias, pela esperança e solidariedade 
      que de sua obra irradiam.
            O Brasil ainda não lhe fez justiça, 
      à altura de seus méritos. Portugal também não; 
      a humanidade também não lhe fez justiça. A obra de 
      Vieira é um magnífico patrimônio da humanidade.Precisamos 
      libertar Vieira das mãos de seus detratores: libertá-lo das 
      calúnias, da inveja, armadilhas e conspirações que 
      armaram contra a sua obra.
            Fernando Pessoa procurou fazer-lhe justiça, 
      em diversos escritos. Roma lhe fez alguma justiça, pelas mãos 
      da Rainha Cristina da Suécia, ao coroá-lo de louros 
      dourados, após uma conferência magnífica e 
      magistral. 
            Também o Papa Clemente X lhe 
      fez justiça ao libertá-lo da Inquisição. Os 
      cardeais, os bispos, as autoridades e o povo de Roma acorriam a ouvi-lo 
      e a aplaudi-lo. O respeito é grande homenagem.
            Alguns fizeram tudo para fazer o linchamento 
      moral de Vieira. A inquisição quis linchá-lo; Pombal 
      e seus asseclas tentaram linchá-lo; muitos seus patrícios 
      tentaram linchá-lo. Sem sucesso. Conseguiram feri-lo, moralmente, 
      nada que o tempo não cure. De quem o agrediu moralmente pouco ou 
      nada restou.
      4. Vieira Hoje
      Quatrocentos (400) anos 
      foram precisos para podermos começar a olhar o Vieira de frente, 
      sem preconceitos. Nele descobrimos um homem moderno, ágil e versátil, 
      de visão cósmica e holística. O mundo vai ficando deslumbrado, 
      e feliz porque tira as sombras do preconceito, da discriminação 
      e da injúria com as quais Vieira estava ocultado.
            Covardemente perseguido, enfrentando 
      torpes conspirações e deletérias injúrias, 
      difamações e intrigas por alguns, contrabalançadas 
      com imensa admiração e veneração de muitos, 
      foi sempre um homem de pensamento e de ação. Um homem de coragem 
      e dedicação. Nada deteve sua missão. Nunca tentou agradar 
      a “gregos e troianos”. 
            Pensamos que só no século 
      XXI, Vieira começa a ser de fato conhecido em toda a profundidade 
      de sua força e de seu mistério, visto pela ótica da 
      Clavis Prophetarum. 
      O texto do Papa Clemente 
      X, dando a Vieira absolvição total e irrestrita dos "crimes" 
      de que era acusado pela Inquisição equivale a uma grande e 
      solene consagração deste homem gigante na fé e na ação 
      por um mundo melhor.
   
Um Homem Venerável
     Em outras religiões 
      como em outras nações meritocráticas Vieira seria para 
      todo o sempre, uma pessoa venerável, com direitos 
      a painéis nos templos e nos espaços culturais, tanto religiosos 
      quanto leigos. Por que entre nós ainda não conquistou esse 
      prestígio? Pior para nós.
      Vieira é um grande arsenal de cultura que não podemos desperdiçar, 
      num mundo tão carente de exemplos fortes e convincentes. 
      Vieira, como os profetas e como os grandes clássicos, é um 
      homem plenamente atual, por sua vida e por sua obra. É um homem perseguido, 
      por seus atos e intenções mais nobres, mas sempre aplaudido 
      pelo povo, sempre muito respeitado e venerado. As perseguições 
      são marcas que o honram: marca dos heróis 
      Os pigmeus riem com desdém das utopias de Vieira. É que nada 
      entenderam, julgam-se muito sabidos e dão vexame.
5. Vieira: Patrimônio Nacional
      Está na hora 
      de a sociedade declarar a obra de Vieira patrimônio cultural 
      do país e da humanidade, na categoria de Patrimônio 
      Imaterial, pelo Iphan, pelo Congresso Nacional, ou algo semelhante.
            No Brasil, Vieira é considerado 
      um dos 13 (treze) homens que mais fizeram pelo nosso país.
            Para todos, Vieira é um manancial 
      de conhecimento e de sabedoria.
 JORGE PERALTA
      in Vieira, Um Tesouro à Descobrir
      Obs. Prof.                                                                                              Apresentação
                                                                              Nesta 
      brochura divulgamos uma seleção de textos 
                                                                              
      antológicos do P. Antônio Vieira 
                                                                              (...............)