CRÔNICAS
A BORDO
DO ALBATROZ
Na Rota de Vieira
Em terra e mar
– Cruzeiro Histórico –
1ª
PARTE
PROLEGÔMENOS
A UMA VIAGEM MEMORÁVEL
1.
As
Crônicas a Bordo na Rota de Vieira relata, em
retrospectiva, as venturas, aventuras e desventuras do
Cruzeiro
Histórico pelos Espaços de Vieira, realizada pelo
veleiro
Albatroz7, capitaneado pelo prof. Raposo. Por motivos
imprevistos, da 1ª a 4ª Parte,detém-se sobre as peripécias
do veleiro
CHICO, capitaneado pelo Prof. Fabre. A precariedade
e insuficiência da programação estratégica deste
último veleiro criou um estado de alerta permanente para garantir
sua subsistência. Aqui o nosso relator vai olhar os fatos a partir
dos bastidores. A questão inesperada dá espaço a reflexões
que podem ser úteis. A conferir.
Nossas crônicas, além
da trama literária feita para despertar a acuidade e a atenção
do leitor, num processo de enredo um tanto quanto emaranhado, pretende
ainda
resgatar a memória histórica dos
acontecimentos, por determinado ponto de vista, na perspectiva do
prof. Raposo e do prof. Magriço, que subscrevem essas crônicas.
Esta é uma obra
de ficção histórica, lastreado em dados
de um evento realizado.É obra de entretenimento e
aprendizagem.
2.
O grande objetivo da viagem do
ALBATROZ era percorrer os
Espaços Proféticos de Vieira, no Brasil,
nas Ilhas e pela Europa. O prof.
Raposo capitão
do
ALBATROZ, ao chegar a Salvador na Bahia, encontrou-se
com o prof.
Fabre, capitão do
CHICO.
Os dois capitães se deram muito bem. São primos de idéias
e ideais.
Raposo logo se deu conta da precariedade
da missão do
CHICO, apesar do grande idealismo
e força de vontade de seu capitão e da tripulação.
Ficou atento. Na adversidade é que se aprende.
Combinaram então prosseguir
a viagem juntos, para mútuo apoio. Aos poucos o prof. Raposo
foi desvendando toda a trama longínqua e o drama que envolvia
o
CHICO, pela precariedade e incerteza de financiamentos.
A empresa de captação de apoios, a
Analux,
não alcançou o resultado desejado e a situação
ficou dramática.
A Graco sentia-se obrigada
apenas ao estipulado documentalmente e não queria
avançar com mais suporte financeiro. Parece que houve
um desentendimento do capitão com um alto funcionário
da GRACO. Nestas condições, o que fazer com
o veleiro e a tripulação já sediado
em terra estranha em terra estranha?
No entanto, com
a ajuda de alguns, e com garra e persistência chegou
a bom termo. A rotina não foi a tranquilidade mas
a permanente inquietação que tomou conta
da tripulação. A norma em qualquer evento
humano é uma rotina saudável, permeada com
momentos de grande exaltação. Este ritmo
garante o equilíbrio interior que aqui foi sempre
conturbado pelas ameaças de “perigos”
rondando por perto.
O que salvou
a excursão foi ao longe haver sempre uma luz
e uma esperança de a bom porto chegar. As agruras
fazem a trama mais cativante.
A viagem
é uma metáfora da vida. Mais
adiante a viagem, com todos os solavancos,
será interpretada como uma alegoria
da vida das pessoas com seus percalços.
Até
a 4ª Parte deste Diário, o
prof. Magriço acompanha de perto,
a partir do ALBATROZ,
o desenrolar dos acontecimentos no CHICO,
não sem alguns suspenses e surpresas.
3.
No entanto as
Crônicas de Viagem do ALBATROZ
mantém seu primeiro objetivo que é palmilhar os espaços
de Vieira. Dadas as grandes questões emergentes surgidas, detém-se
longo tempo sobre o que ocorre no
CHICO, na intenção
de lhe dar apoio solidário, em função dos objetivos
primeiros e de evitar a falência.
O Albatroz não podia
dar mais socorro, além do que fez, pois só tinha
recursos para a sua viagem, em sistema de contensão de despesas,
sem esbanjamento. Deu total e irrestrito apoio moral. O prof. Raposo
viajou com suas parcas economias ao longo de anos de trabalho,
em Escolas de São Paulo. Precisou desfazer-se de seu carro
e foi à aventura sonhada.
São Paulo, 23 de setembro de 2008
Equinócio da Primavera
José Jorge Peralta
Diretor do Instituto Tropical - ITC
CRÔNICAS A BORDO
PELA ROTA DE VIEIRA
– Cruzeiro Histórico –
Aveiro.13.maio.2008
1.
Uma Expedição Cativante
1. As
crônicas e anotações deste
Diário de
Viagem pretendem registrar cenas e idéias de um evento ficção,
em formato de ficção histórica. Na 1ª Parte narra
as peripécias de um veleiro que partiu de Salvador, na Bahia, para
percorrer os espaços em que Vieira viveu e atuou, no Norte e Nordeste
do Brasil. Pegamos carona, em parte do nosso roteiro, em um evento histórico,
efetivamente acontecido de março de 2007 a março de 2008.
Na 2ª Parte iremos à Europa.
Daqui posso observar, balançando,
garbosos no mar o veleiro
CHICO, tendo o Prof. Fabre
como capitão e o veleiro
ALBATROZ, tendo o Prof.
Raposo como capitão.
Nossa estratégia narrativa segue os modelos bem conhecidos
como, por exemplo, Virgílio, no poema épico –
Eneida, cuja viagem a países e civilizações
reais que descreveu, só as visitou, para conferir, após
escrita a obra.
2.
Dois veleiros fizeram viagem independente mas paralela. O
personagem central é Vieira. Mas a história
da viagem, com seus percalços, perplexidades e aventuras
também é um enredo cativante. Testa os limites da resistência
humana.
O narrador meio
visionário é o Prof. Raposo.
A Expedição é,
para nós, um espaço de reflexão, de aventura, vivência
e convivência. Efetivamente, o que nos interessa é debater
valores no campo da luta pela execução de um obra benemérita,
da qual podemos
tirar muitas lições.
Em alguns momentos o que se passa
no Veleiro
CHICO é o assunto principal, que chama
nossa atenção pelas carências e paradoxos.
Observada de fora, a viagem
é outra. Por isto, inicialmente, denominamos esta série
de textos como Diário de Transbordo. Do Veleiro
ALBATROZ, o Prof. Raposo observa, preocupado, como
testemunha involuntária, e se inquieta.
3.
Nosso roteiro segue rota própria, em boa parte da viagem. Mas os
dois veleiros se comunicam, ora diretamente, ora pelo correio eletrônico.
O
CHICO chamou
tanto a atenção que, em parte, é o assunto principal
da 1ª Parte deste Diário.
Os acontecimentos traçam
o rumo da história. O nome dos personagens envolvidos foi criado
livremente, para nos atermos aos fatos e às reflexões.
Na
1ª Parte
de nosso Diário, o
CHICO do
Prof.
Fabre “roubou a cena”. O nosso
Prof.
Raposo está muito preocupado, torcendo para que
tudo dê certo.
Achou que deveria relatar
o que viu e ouviu. Achou que deveria fazer algo para que certas
atitudes de descaso não se repetissem nunca mais.
O Prof. Raposo é
apenas um observador consciente e de ampla visão,
e de larga experiência, mas não lhe compete
intervir. Descreve.
Não critica
e nem inventa. Mas não é indiferente
e nem omisso.
Agora, o que
conta, são os méritos e os resultados...E
algo mais...
4.
Na opinião do Prof. Raposo, a viagem
do CHICO tem o mérito
de ter acontecido e mérito maior
de ter superado as dificuldades quase intransponíveis.
Aí se destaca a solidariedade humana
que não deixou o projeto naufragar.
Magriço
****
Aveiro.14. maio.2008
2.
Uma Viagem Paradigmática
1.
Não foi diferente o processo criativo de
Camões
ao produzir “Os Lusíadas”.
A viagem do Gama
real é uma, a do poema é outra, sem deixar de ser a mesma...Camões
narrou o avesso da viagem real; recriou a viagem histórica, sem a
truncar.Viveu a viagem do grande Gama, em nova dimensão. Analisou
a viagem no eixo paradigmático da linguagem.
Camões
fez da viagem de Vasco da Gama uma metáfora da história de
Portugal.
Assim sendo, qualquer semelhança
com pessoas reais de nosso Diário, não é mera
coincidência; mas apenas semelhança.
2.
Esta foi uma
Expedição paradigmática,
semelhante a muitos outros projetos, talvez muito bons, que terminam em
nada, por falta de apoio e de gestão. É que, de ter idéias
a levá-las à prática vai longa distância.
Dizia Pessoa: “
Conquistamos
todo o mundo antes de nos levantar da cama; mas, ao acordarmos ele é
opaco; levantamo-nos e ele é alheio... ” (Tabacaria)
Às vezes é preciso
forçar a porta dos “deuses”, esperando que, na
hora do aperto, nos socorram por sua benignidade...Assim ocorreu com
a esquadra de Vasco da Gama, protegida da deusa Dione, filha de Júpiter,
em momento de alto risco. (Lusíadas, C.II, 39ss).
Nosso Gama desta 1ª
Parte do Diário, é outro e nosso destino também
é outro. Aqui também alguns “deuses”
vieram em auxílio...
3. Muitas de nossas crônicas irão
se transmutar em poemas. Há muitos momentos poéticos
e até épicos, nestas viagens: na viagem do
CHICO,
do Prof. Fabre, como na viagem do
ALBATROZ,
do Prof. Raposo.
Certamente o
Prof.
Magriço, interlocutor e articulador destas
crônicas, irá ressaltar, algumas
intrigas
e conspirações que o Prof. Raposo
lhe pretende narrar.
O
Prof..
Magriço é um
filósofo;
humanista e um pensador perspicaz. Olha,
observa muito e fala pouco. É um homem muito prático
e muito sensato; e às vezes tem algo de
místico.
É gente muito consciente...Pessoas piegas e os
iconoclastas ele as considera páreas de um mundo
livre, consciente e responsável. Pertence à
tripulação do
ALBATROZ,
do qual o capitão e líder é o Prof.
Raposo.
O
Raposo
e o
Magriço são
filósofos de sólida formação
voltados para a transformação da sociedade
para um mundo de gente mais consciente, mais justa,
dedicada e solidária e responsável;
não sem algumas utopias, é claro.
Para além das máscaras sociais, o
Prof. Magriço procura o
verdadeiro rosto das pessoas. É fantástico!
É um humanista muito aberto, avesso a um
certo
humanismo barato, de mercado
e de bom marketing que nada contribui para o bem-estar
social e mental. Estes ele os considera parasitas
de um mundo que desperta para novo alvorecer, não
pela ignorância mas pelo saber.
4.
Na perspectiva do Raposo e do Magriço,
o bem da humanidade está acima dos interesses
pessoais, que, aliás também não
devem ser descuidados, pois a humanidade é
feita de pessoas.
Os dois
acham que a busca da felicidade é o
caminho, mas não dá para ser
feliz sozinho. Os dois pensam socialmente
e gostam de ajudar quem precise. O bem que
mais distribuem é o pão do conhecimento
e da sabedoria que leva à promoção
das pessoas. Enfim são professores
pensadores.
Fazem
parte de um
Grupo de pesquisa
e debate de São Paulo, chamado “
Vieira-
Alfa XXI”, vinculado ao
Instituto
Tropical (
ITC).
Tem
Vieira como patrono chave; mas estuda as
grandes correntes da filosofia na perspectiva
de Sócrates, Teilhard Chardin e
Agostinho da Silva, Fritjof Capra etc.
Seguem os postulados que regem o
Instituto
Tropical.
Ver:
www.vieira400anos.com.br/institutotropical.
É gente de vanguarda.
Integram ainda o grupo que participou
dessas jornadas: o prof. Jonas, supervisor
de comunicações e intervenções;
profa. Zeni que exerce papel essencial
nos momentos de reflexão e
tomada de decisões, e o prof.
Briga que deu suporte em algumas
ocasiões.
5.
O capitão e líder
do CHICO é
o Prof. Fabre – físico,
filósofo e humanista.
Fabre
compartilha com Raposo
e Magriço, ideais semelhantes
às vezes por caminhos diferentes...
Não é novidade pois
são produtos da mesma escola
social... Como é esperado,
cada um segue seu próprio
caminho e assume os próprios
compromissos e confrontos.
O Raposo
eventualmente, assume papel de
questionador e até de contestador.
Quer as dúvidas esclarecidas.
Está no seu direito. Às
vezes é provocador.
Do outro lado antagônico
do processo encontramos atuando
o Capitão Barroso e seu
primo de princípios, o
Dr. Falcão. Assim se completa
o modelo detonador da trama: o
lado claro e o lado escuro, buscando
algum equilíbrio talvez
possível.
Convidamos os internautas
a nos acompanharem
nesta travessia de um oceano
de idealismo, coragem e algumas
tempestades que não
poderiam faltar.
Magriço
****
Aveiro.15. maio.2008
3.
Pela Rota de Vieira
1.
Nosso intuito é tratar da
Rota de Vieira, o pregador,
o missionário, o educador, o filósofo e o estrategista que
o Cruzeiro Histórico, veio percorrer, qual
novo Artur,
da Tavola Redonda, na busca do
Santo Graal: VIEIRA.
Assumimos esta tarefa, no meio de um
mundo de compromissos. Esta história é necessária
para responder a algumas questões que estão no ar e
que precisam ser vistas com clareza. Não tenho nada a ver com
tais questões, mas, como testemunha, achei que deveria manifestar-me
através de uma nova narrativa da viagem, com
novo olhar.
“Ad Maiorem
Rei Gloriam”. [Para maior Glória
do Feito]
2.
A idéia me cativou. É cativante... Considerei que é
idéia para uma belíssima história e a ela vou me dedicar,
prazerosamente, para deleite meu e dos meus leitores. O nosso Prof. Raposo
terá muita história a nos contar, no mundo de VIEIRA. Na realidade,
o que se abordará aqui é uma viagem ao mundo de Vieira. O
nosso
narrador vai observar os fatos dos bastidores. Este
é aliás um grande desafio.
Em alguns momentos o foco está
sobre o Prof. Fabre.
Como Tomás Morus, também
não pretendemos
chover no molhado.
Da viagem do Prof. Fabre,
ele mesmo irá publicar o Diário de Bordo.
3.
Por outras vias, vamos também prestar nossa homenagem ao Cruzeiro
e a Vieira, contando outra viagem de outro ponto de vista, na
primeira parte deste Diário. Queremos realçar os méritos
de quem os tem.
Magriço
****
Aveiro.16. maio.2008
4.
Ficção, num Veleiro real
1.
Nossa viagem é ficção histórica. Transcorre,
parte dela, num veleiro real. Nosso ponto de observação tem
como
uma das suas bases, entre outras, o Veleiro
CHICO. Nosso texto não se preocupa com eventuais “incoerências”.
É que fazemos outra apreensão...Haverá algumas ambiguidades
entre o Veleiro
CHICO e o Veleiro
ALBATROZ.
Isto não nos preocupa.
As crônicas irão surgindo
ao correr do desenrolamento dos fatos. Como observador privilegiado,
olhamos os fatos já na fase pós-viagem, em posição
retrospectiva e prospectiva. Quem narra o enredo é o Prof. Raposo.
O Prof. Magriço interroga, questiona, articula...
comenta, filosofa...
2.
O Prof. Raposo conta a História num banco
de jardim e em outros espaços inusitados... Como todo bom
marinheiro ou pescador, gosta de tagarelar, mas não fala de futilidade.
Gosta de mostrar certa erudição e de usar certa ironia sutil.
Gosta de desafios e discretas provocações...
Ao rememorar os fatos, descreve-os com tal vivacidade que parece que tudo
está ocorrendo naquela hora.
3.
Este Diário de Viagem não tem tempo para
ser terminado. Vamos lançando os textos conforme o tempo de que pudermos
dispor para este projeto, e a disponibilidade do Prof. Raposo para conversar...
Assim mesmo, espero que nossa viagem não dure mais de 12 (doze) meses.
Mas se for além, não faz mal...
Este nosso Diário deverá ser composto de, aproximadamente,
100 (cem) crônicas.
4. Começamos
a esboçar o projeto deste Diário no dia
14 de maio de 2008, após uma visita ao CHICO, nesse mesmo dia,
onde com outros amigos, dialogamos com o Prof. Fabre, no seu veleiro,
nas salinas de Aveiro. Falamos sobre as perspectivas do evento e seus
desdobramentos, seu presente e seu futuro.
Magriço
****
Aveiro.19. maio.2008
5.
Da Utopia de Hitlodeu a Raposo
1.
Um Paralelismo Instigante: A UTOPIA e o Prof. Raposo
Como
Tomás Morus,
em sua Utopia genial, nosso personagem é um português
que vem de Além Mar. Em Morus, o personagem principal é
Rafael
Hitlodeu. Em nossa
Rota de Vieira,
o personagem principal é o
Prof. Raposo.
O personagem da
Utopia, de Tomás Morus, Rafael Hitlodeu, “devorado
pela paixão de correr mundo, amarrou-se à pessoa
e à fortuna de Américo Vespúcio”,
diz a
Utopia.
Nosso personagem,
o Prof. Raposo, encantado pela paixão
de conhecer o mundo de Vieira, saiu por
conta própria, com um veleiro cedido por amigos
e foi para o Norte e Nordeste do Brasil para conhecer
o mundo em que Vieira viveu e atuou. Sem medir sacrifícios,
foi para a viagem, entusiasmado, como um cavaleiro andante
em busca do Graal.
2.
Uma Estrela Nasce
Depois de ter descoberto a obra
de Vieira e sua efetiva e longa ação política,
religiosa, educativa, acadêmica, missionária, diplomática,
etc e ainda sua imensa projeção como
celebérrimo
orador, de fama mundial, e sua luta pela liberdade e dignidade
da pessoa humana, Raposo decidiu fazer pesquisa de campo, numa grande
aventura pelos espaços em que Vieira atuou e se inspirou...
Este empreendimento foi
para ele um grande sonho, um sonho dourado.
Com algumas economias
de muitos anos de trabalho, disponibilizou o suficiente
para a viagem, que prometia ser longa. Dispunha-se a economizar
no supérfluo, para o necessário não
lhe faltar. E assim foi.
3.
Quando os Grandes se Encontram
Na Baía de Todos os Santos,
em Salvador, o Prof. Raposo encontrou-se com o Prof.
Fabre, do Veleiro CHICO, que tinha acabado
de chegar de Aveiro/Portugal para uma viagem idêntica nos objetivos
e no percurso.
Fabre nasceu
em Aveiro, aí se formou e viajou pelo mundo. Doutorou-se
por uma grande Universidade, em Paris e no Canadá.
Raposo
também nasceu em Aveiro mas foi criado e educado no
Brasil (São Paulo). Doutorou-se por uma grande Universidade
no Brasil.
Logo se entusiasmou
pela garra do primo recém-chegado, e por seu
saber, por sua destreza e agilidade. Como ele também
é um homem e um navegador de grande garra, agilidade
e experiência. Logo viu que seria ótimo
viajarem em mútuo apoio.
Resolveram
então navegar juntos pela costa Norte
e Nordeste do Brasil, seguindo a
Rota
de Vieira.
O
Prof. Magriço também
tem doutorado. Os três são
os principais personagens deste Diário.
São pessoas de grande saber e
sabedoria e muito dinâmicas, versáteis,
ativas, dedicadas e solidárias.
Estão envolvidos nesta
trama pessoas que poderíamos
denominar a
fina flor
do pensamento contemporâneo.
Resta agora saber como irão
agir e interagir pessoas de tão
altos títulos, de tão
altos ideais e alto gabarito:
pessoas tão excepcionais.
Aveiro.20. maio.2008
6.
Assuntos e Personagens das Crônicas
1.
Assuntos: Ocorrências nas viagens; Encontros e Desencontros;
Reflexões; Cidades por onde Vieira passou, pregou e missionou; Amazônia,
Ibiapaba; Contexto e Conteúdo dos Grandes Sermões e Cartas;
Ação na Corte, D. Jonas IV,D. Afonso VI, Reminiscências
da Inquisição; Recordação do Marquês de
Pombal; Salvador; Lisboa; Coimbra; Roma; São Luís; Belém;
Paris; Barcelona; Florença; Nápolis; Amsterdã; Mares
do Norte; Mar Mediterrâneo; Açores; Cabo Verde; Naufrágios;
Intrigas, conspirações, etc,etc.
2. Personagens:
Entrarão em cena, neste Diário: o Fabre,
o Madeira e o Meira; a Graco, o Capitão Barroso e o Dr. Falcão;
a Analux, a T.UA., a Edubrax. O narrador é o Prof. Raposo, internauta,
como observador privilegiado dos fatos: navega livremente nos espaços
do nosso percurso, numa simbiose de passado, presente e futuro. O Magriço
é o escriva. É questionador e crítico.
Atuam ainda o Prof. Jonas, a Profa.
Dra. Zeni, o Prof. Briga e o Perneta,
que é o Capeta das trevas, em eufemismo barato pois nunca dá
a cara: está sempre mascarado... Finalmente há um personagem
camarada que está sempre por perto e cujo nome ainda não confirmamos.
No meio das pessoas que passam e param por perto, dos veleiros, há
dois adolescentes muito espertos e muito implicantes, um menino e uma menina,
que se prestarmos atenção no que dizem, talvez possam falar
em alguma crônica. Há ainda uma pessoa de idade que nos chama
a atenção, gesticulando ao longe e talvez seja algum novo
Diógenes ou o Velho do Restelo. Se tivermos tempo iremos ouvi-lo.
Os personagens se defrontam e confrontam, buscando resultados,
dentro da força motriz que cada um assume. Buscam equilíbrio
no desequilíbrio. A sequência dirá.
3.
Lembro que a história está sendo contada após o fim
da Excursão. São reminiscências. Por isso as crônicas
são produzidas como roteiro temático.
Para conhecer as instituições a que estão
vinculados os três interlocutores principais, consulte: www.portaldalusofonia.com.br/institutotropical.
Ninguém espere aqui um histórico completo.
Damos crônicas de tópicos pontuais, nada mais.
Não temos tempo marcado para completá-lo.
Convido aos amigos a nos acompanharem nesta deslumbrante
e acidentada Viagem pela Rota de Vieira. Vai valer
a pena. Vai sim!
Magriço
****
Aveiro, 21. maio.2008
7.
Forças Opostas Buscando o Equilíbrio
1.
Antes de prosseguir os relatos da viagem, achei por bem fazer uma incursão
teórica às forças/princípios ativos que regem
toda a trama: Em termos de modelos agentes dos processos de interação
dos personagens antagônicos, em cena, adotamos o sistema de pares
opostos, como algo inerente a toda a vida humana e talvez em toda a natureza,
na busca do equilíbrio: aqueles princípios e forças
a que o Taoismo chama Ying e Yang: o positivo e o negativo;
atos do bem e atos do mal; Deus e o Diabo; o certo e o errado.
2.
Camões adotou este modelo com a maestria no concílio dos deuses,
nos Lusíadas: uns defendendo e outros atacando os navegadores da
esquadra de Vasco da Gama que remavam ao oriente, num dos maiores feitos
da história, que integrou para sempre o Oriente e o Ocidente, criando
a mundialização.
3.
Mais adiante, Camões vai colocar em cena o monstro horrendo e grosso,
o Adamastor, que queria destroçar a esquadra.
Foi impelido pela grandeza do capitão, Gama que
se mostrou invencível por ser um povo e não uma pessoa.
“Aqui ao leme sou mais do que eu.
Sou um povo que quer o mar que é teu.
E mais o mostrengo, que a minha alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo
Manda a vontade que me ata ao leme,
de El-Rei D. Jonas Segundo”
(F. Pessoa)
4.
Este mesmo antagonismo acompanhou toda a viagem que aqui
relatamos, cheia de forças positivas e negativas se defrontando e
confrontando buscando equilíbrio. O positivo e o negativo são
forças que se completam em busca do resultado: EQUILIBRIO.
5.
A base gestora dos antagonismos é FabreXBarroso/Falcão.
Os embates ocorrem toda a viagem do começo ao fim. Será que
o resultado final vai ser o equilíbrio? É o que vamos ver.
Os personagens entram em cena e comandam os acontecimentos. É o que
vamos registrar.
Magriço
****
Aveiro, 23.maio.2008
8.
Os Capitães Raposo e Fabre
Depois
de uma voltas pela cidade, voltei ao barco com uma idéia: preciso
informar no Diário algo mais sobre o ALBATROZ
e sobre o que Raposo e Fabre pensam de Vieira. É essa crônica
que vou escrever:
1. Gênese do Albatroz
O prof. Raposo
conseguiu, em santos/São Paulo, em comodato, um pequeno veleiro de
14 metros, que levava o nome hiperbólico de Albatroz7.
De Salvador até
Belém do Pará, o Veleiro CHICO do Prof. Fabre
e o veleiro ALBATROZ, do Prof. Raposo, seguiram juntos.
Os dois capitães são primos em idéias e em
ideais e em coragem e versatilidade.
Os dois têm
uma curiosidade incontida: querem saber de tudo. São bons observadores:
nada lhes escapa. Os dois têm um conceito grandioso de Vieira e sua
obra, e um alto conceito da pessoa humana, apesar de seus vícios
quase congênitos.
2. Vieira,
um Gigante
O Professor Raposo considera Vieira um gigante
benemérito. Considera que, por seu saber e sabedoria, por
sua multiplicidade de competências; por suas realizações;
pelos cargos que ocupou; por seus Sermões, Cartas e demais escritos;
por sua defesa da liberdade e da dignidade humana; por suas missões
diplomáticas em Paris, Haia, Roma, Londres, Florença e Nápolis;
e ainda por sua intervenção nos rumos da história do
ocidente, e, portanto, na história do mundo; por seu amor ao país;
e ainda por tudo mais que foi e fez nos seus 90 (noventa) anos de vida,
bem vividos, e pela projeção de suas idéias na história
e na atualidade, Antônio Vieira é uma das pessoas chaves
na história do século XVII e, portanto, na História
do mundo.
Não é
possível falar com consistência da história de Portugal,
do Brasil e da Europa sem falar de Vieira. Ele é um elo chave
em sua época, projetando-se no tempo.
Vieira ocupa um
lugar privilegiado em nossa História. Além disto, muitos dos
seus grandes textos parece que foram escritos agora, tal o viço e
o vigor de seus argumentos.
Raposo considera
que, tanto em Portugal como no Brasil, países brindados com homens
brilhantes em saber, sabedoria e na ação, talvez ninguém
tenha excedido Vieira em saber e sabedoria, dedicação
e versatilidade, coragem e persistência, qualidade e excelência,
e poder de decisão, de transformação
e de ousadia.
Foi um homem de uma visão ampla e excepcional:
Foi um grande orador, um grande educador e um grande estrategista.
É admirável como Vieira conseguiu atingir tão alto
grau de excelência, em tantos setores de sua longa vida.
Vieira é,
por unanimidade, considerado o que melhor trabalhou a Língua Portuguesa;
é aclamado O Imperador da Língua Portuguesa,
por Fernando Pessoa.
Poucos países
têm, num só homem, um repertório tão
rico em talentos e em realizações.
Nestas idéias
parece que os dois capitães concordavam.
Mas concordar
não significa que entre os dois capitães não haja conflitos
de idéias. São homens adultos, estudiosos e livres. Têm
grande experiência de vida.
3.
Questões que Intrigam
Uma questão
que intriga Raposo é: por que as injúrias e calúnias
da Inquisição e do Pombalismo ainda perduram até hoje?
Porque alguns professores, até pesquisadores ainda continuam fazendo
ironias sarcásticas, ingênuas e quase infantis, mas sempre
constrangedoras, em se tratando de uma pessoa de tão alto gabarito
e de tão alta projeção? A quem isto interessa?!
Como as pessoas
não percebem que estão prestando um desserviço ao país
e às novas gerações?!
Os néscios não percebem, por estarem apenas
preocupados com eventual brilho fácil. Palhaço de circo também
faz rir... e não é pela profundidade de seus conceitos, geralmente
ao menos. Estatisticamente é de se esperar encontrar pessoas néscias
e de visão apequenada em todos os campos do saber. Os grandes sábios
são aves raras.
A par dos néscios,
e muito além, há uma plêiade riquíssima de pesquisadores
sérios, críticos e conscientes, trabalhando intensamente a
obra e a vida de Vieira, fazendo-o mais conhecido, amado e admirado.
Por perto, escondido
na sombra, sempre está o Perneta, à espreita, para perturbar
os gênios... Sempre foi assim em todos os tempos.
Vieira é
um gigante com destaque entre grandes seres humanos que produziu a humanidade.
Magriço
****
São Paulo. 26. maio .2008
9.
VIAGEM COMO UTOPIA
1.
Viver é peregrinar. É perambular pelo mundo, e pela vida,
fazendo o que temos
que fazer. Como o barco não navega por navegar mas par achegar a
algum lugar, também nós não vivemos por viver, mas
para nossa missão no mundo cumprir.
Por isso, todo
o ser humano é um navegante que busca, muito além do horizonte,
o porto aonde quer chegar, para sua viagem cumprir. O homem que é
consciente, sempre sabe olhar muito além de onde os seus olhos conseguem
alcançar.
O homem, com suas
utopias geniais, vê além do horizonte, além das estrelas
e além dos tempos. Para ele, o mundo não tem fronteiras de
tempo (passado, presente e futuro), nem de espaço (nos limites da
terra ou além do espaço sideral).
A peregrinação
dos humanos, pela vida, leva-os a enfrentar aventuras impossíveis
que abrem caminhos. A ousadia as faz possíveis e realizáveis.
O ser humano tem um poder diferenciado, entre todos os viventes, do reino
animal, vegetal ou espiritual. O homem é capaz de contrariar as leis
estabelecidas do bem e do mal, através dos recursos às geniais
utopias. E o impossível se faz realidade palpável. O poder
de sonhar e criar utopias é o grande dom dos humanos geniais, que
não fazem da vida uma rotina trivial.
2.
Vieram-me estas idéias do assunto que nos envolve, há muitos
meses, que é o Cruzeiro do
CHICO, visto do veleiro Albatroz.
Uma aventura que,
aparentemente inviável, do começo ao final e que se concretizou.
Fabre saiu, foi e voltou. Sofreu carências, necessidades não
programadas. Tudo superou. E tem muita história para contar, até
da humana generosidade e ousadia.
3.
Em homenagem a este notável feito transcrevemos um poema do Prof.
Peralta, que nos ajuda a dizer o que sentimos. Vamos ler juntos:
UTOPIAS
José
Jorge Peralta
As utopias são a alavanca
do progresso e da civilização.
São as vias da audácia
que levam a novas realizações.
Viver, ser e querer é a mais bela utopia
a que os humanos têm acesso.
A utopia é um sonho impossível
ou com alto nível de dificuldade
que alguém, com criatividade e dedicação
faz realidade palpável!
Sem o sonho, lastreado na utopia,
o homem não poderia
ir além do trivial.
Quem não voa com imaginação e criatividade
ficará sempre no mesmo chão estacionado.
Quem apenas vegeta
Não sabe sonhar...
O homem precisa sonhar ...
sonhar e se dedicar
para o sonho e a vida viabilizar,
e novos rumos traçar.
Com espírito utópico, aventureiro,
e força da humana criatividade,
em frágeis caravelas,
o homem lançou-se aos mares
e construiu “pontes” e grandes vias
que unificaram a dispersa humanidade
“E viu-se a terra inteira, de repente
Surgir, redonda, do azul profundo”
Quantos sonhos dourados
talvez viáveis
são escondidos debaixo do colchão
por comodismo, covardia,
ou falta de imaginação?!...