GESTÃO: INSTITUTO TROPICAL

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O P. ANTÔNIO VIEIRA

por ANDRÉ DE BARROS


Perspectivas Científicas da Obra

 

1.        A biografia de Vieira, elaborada por André de Barros, merece uma reedição, no 4º Centenário do biografado.

            Alguns dirão que uma história escrita no século XVIII,(publicada em 1746), não se reveste de todos os requisitos da linguagem científica que se exige no século XXI. Que seja. No entanto, André de Barros está muito consciente das exigências científicas na elaboração de um texto histórico: a pesquisa documental e testemunhas fidedignas, a busca de “documentos dignos de toda a fé”, a seleção de notícias pela credibilidade, foi algo de que cuidou com esmero e consciência crítica.

Aliás, a hipótese não é válida num tempo em que a “história” é escrita e reescrita, por alguns, ao sabor de interesses nada científicos e em que se desferem golpes contra os “adversários” ideológicos. Hoje, de quando em quando, a opção política anula a perspectiva científica.

 Enfim, é urgente  limpar a história das manipulações sórdidas do Pombalismo e outras instituições oficiais ou não.

Eventualmente, o texto ruma para o discurso panegírico, pela veneração e entusiasmo que a André de Barros despertava o biografado. Isto não tira o valor do texto.

Não prejudica a seriedade histórica da obra. Antes revela a alma do biógrafo e do biografado ...

 

2.        André de Barros, sacerdote jesuíta, foi membro muito conceituado da ACADEMIA REAL DA HISTÓRIA DE PORTUGAL.

As atitudes científicas de André de Barros ficam bem mais claras na NOTA PRÉVIA, que aparece como preâmbulo à obra.

André de Barros deu voz a Vieira sempre que pode, citando seus textos ou reproduzindo-os.

A Biografia de Vieira transformou-no numa galeria, não só pelos textos inéditos na ocasião, mas também pelas pinturas que encabeçam cada um dos cinco livros.

 

3.      Esta é uma obra de referência de extraordinário valor. Sem esta obra, muitos pormenores fundamentais da vida e obra de Vieira ficariam sem fonte de referência.

Observe-se que, logo após a publicação, os jesuítas foram expulsos de Portugal e dispersos, com as consequências decorrentes da tragédia (1759).

Nos anos que perdurou a expulsão dos Jesuítas de Portugal, perderam-se, certamente ricos documentos e ricas testemunhas. Lembre-se ainda da campanha devastadora e ignominiosa de Pombal.

 

4.        Outras biografias de Vieira, bem amplas, foram escritas, destacando-se a de João Lúcio de Azevedo e a de João Francisco Lisboa, nenhuma isenta de alguma visão parcial de interpretação. Neste quesito, destaca-se a obra de J. F. Lisboa, cuja parcialidade e atitude iconoclástica, o próprio autor lastimou, no final da vida.

            Citamos também a “Vida do P. Antônio Vieira”, de Ernesto Carel, escrita em francês e publicada em paris. É uma obra amadura e sólida.

Ao reeditar a obra de André de Barros, agimos como quem oferece um tesouro precioso aos estudiosos de Vieira.

J.P.

 

 

 

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